A Dengue é uma arbovirose , possui quatro sorotipos distintos: DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4 em circulação no Brasil, podendo ocorrer a circulação de 2 ou mais sorotipos distintos concomitantemente.
A infecção por um sorotipo leva a imunidade permanente a este sorotipo apenas, porém pode, na eventualidade de uma nova infecção por outro sorotipo, levar à formação de imunocomplexos e ativação do complemento resultando em manifestações clínicas graves e maior predisposição a eventos hemorrágicos.
EPIDEMIOLOGIA
O maior número de casos de dengue ocorre nos meses chuvosos (maior proliferação do vetor), de janeiro a junho com o pico em março e abril. Neste período sempre devemos excluir dengue em pacientes com síndrome febril e sintomas compatíveis, não sendo necessário solicitar exames confirmatórios de dengue em todos os casos. Questionar sobre dados epidemiológicos sobre região de habitação, viagens recentes, casos de dengue nas proximidades e condições de moradia é de muita utilidade na prática clínica. A dengue é uma doença de notificação compulsória de casos suspeitos e confirmados.
TRANSMISSÃO
A transmissão dá-se através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti (gênero mais frequente nas Américas), sendo o homem o único reservatório a participar do ciclo da doença.
O mosquito torna-se infectante de 5 a 8 dias após picar uma pessoa com viremia. Não há relatos de transmissão pessoa-pessoa.
QUADRO CLÍNICO
A dengue manifesta-se de diversas formas clínicas, desde um quadro assintomático, passando por uma síndrome febril leve e até a forma hemorrágica e choque circulatório. O período de incubação varia de 3 a 10 dias.
A forma clássica é caracterizada por febre alta de início súbito (1º sintoma), acompanhada de cefaleia, dor retrorbitária, mialgia, artralgia e adinamia, também podem estar presentes náuseas, vômitos e diarréia de pequena monta. Importante ressaltar que o paciente pode apresentar formas graves da doenças e os sintomas hemorrágicos podem estar presentes mesmo na dengue clássica e não preenchendo critérios para dengue hemorrágica. O exantema clássico, surge em aproximadamente metade dos casos, e é do tipo maculo-papular, acometendo face, tronco e membros gradualmente, não poupa plantas dos pés e mãos, porém pode apresentar-se sob outras formas, com ou sem prurido, predominantemente no desaparecimento da febre.
As formas mais graves podem podem evoluir com miocardite, meningoencefalite e pneumonia levando a SARA.
Atentar para as comorbidades (hepatopatia, diabetes, HAS, etc), pois podem facilitar o aparecimento das formas graves.
SINAIS DE ALARME : vide tabela 1
PROVA DO LAÇO ( PL)
Apesar de não ser específica, a PL é uma ferramenta utilizada na prática médica para estratificar pacientes com maior probabilidade de evoluir para formas graves .
Técnica de realização da prova do laço: aferir a PA conforme a técnica semiológica correta, anotar o valor obtido; desenhar um quadrado de 2,5x2,5 cm na fossa antecubital e insuflar o manguito no valor médio da pressão medida anteriormente ( p. ex. PA= 120x80, 120+80=200 200/2=100) e manter por 5 minutos em adultos e 3 em crianças. Contar o número de petéquias presentes no quadrado. A prova é positiva quando temos > 20 petéquias no adulto ou 10 na criança.