Emergências Clínicas - Intoxicações exógenas na Sala de Urgência

Área: Unidade de Emergência / Subárea: Clínica Médica

Manejar adequadamente os pacientes vítimas de intoxicações exógenas na Unidade de Emergência.

Prof. Dra. Palmira Cupo. Docente do Departamento de Puericultura e Pediatria (FMRP-USP). Coordenadora do Centro de Informação Toxicológico de Ribeirão Preto (HC-FMRP-USP).
Viviane Imaculada do Carmo Custodio. Médica assistente do Centro de Informações Toxicológicas de Ribeirão Preto (HC-FMRP-USP).

Data da última alteração: terça, 06 de dezembro de 2022
Data de validade da versão: sexta, 06 de dezembro de 2024

Manifestações complexas ou anômalas, agravo súbito à saúde. Risco aumentado em pacientes com distúrbios psiquiátricos e/ou com maior acesso a tóxicos.

Caso haja referência de contato com substância tóxica, rever os tipos de medicamentos e outros produtos no domicílio, associando-os às manifestações clínicas (tabela 1) e, sempre que possível, tentar a confirmação laboratorial.

Lembrar que, na maioria dos casos, o tratamento é de suporte e, geralmente não é afetado pela identificação do agente causador da intoxicação. Os exames toxicológicos devem ser solicitados para confirmar a intoxicação e correlacioná-los à compatibilidade dos achados clínicos com a síndrome tóxica (tabela 1).

1- Exames qualitativos NÃO são capazes de diferenciar intoxicação da exposição a determinada substância.
1.1- Exames qualitativos disponíveis: benzodiazepínicos, fenotiazínicos, maconha, cocaína, ecstasy, anfetaminas, salicilatos
2- Exames quantitativos: A dosagem sérica quantitativa será útil em situações onde exista uma relação entre o nível sérico e a toxicidade, bem como para indicação de intervenções terapêuticas específicas.
2.1- Exames quantitativos disponíveis no HCRP: alcoolemia (o álcool é metabolizado poucas horas após seu uso, na suspeita de intoxicação, realizar a coleta o mais rápido possível), antidepressivos tricíclicos, ácido valpróico, carbamazepina, colinesterase, digoxina, fenitoína, fenobarbital, litemia, metemoglobina, teofilina, tiocianato, acetaminofen.

1- Estabilização clínica;
2- Tratamento específico: reconhecimento da síndrome tóxica (vide tabela 1),
3- Descontaminação:
3.1- Descontaminação cutânea, ocular (se for o caso)
3.2- Lavagem gástrica: para intoxicações potencialmente graves, útil quando realizada até no máximo 2 horas da ingestão
Contra-indicações: derivados de petróleo; cáusticos, corrosivos; materiais sólidos com pontas; alterações hemorrágicas; pacotes contendo drogas; depressão respiratória, neurológica e/ou agitação em pacientes sem proteção de vias aéreas.
3.3- Carvão ativado: pode ser feita, de modo geral, até 4 horas da ingestão. Dose: 1 g/kg peso (até 50g) diluído a 10% em água ou suco.
Para antidepressivos tricíclicos: considerar uma segunda dose de carvão ativado 1 hora após a primeira dose.
Para intoxicações agudas ou crônicas por: Fenobarbital, Carbamazepina, Dapsona, Teofilina: realizar múltiplas doses de carvão ativado: 0,25 a 0,5 g/kg (a cada 4 horas) até concentração sérica próxima ao valor de referência.
3.4- Situações especiais: Algumas situações poderão necessitar de administração de antídotos, antagonistas e aumento da eliminação do tóxico absorvido. Consultar equipe de toxicologia (24 horas por dia) através do BIP 1190, ramal 1149 ou 1192.

4- Uso de antídotos (quando apropriado)
5- Tratamento de suporte

1. Toxbase managements. Disponível em http://www.toxbase.org. Acessado em 30/08/2016.

Tabela 1: Tabela 1. Principais síndromes tóxicas e os agentes relacionados


Tabela 1. Principais síndromes tóxicas e os agentes relacionados

A U.E. é centro de referência em toxicologia para o DRS XIII e, portanto, os casos devem ser referenciados prioritariamente para esta unidade.
No entanto, a maioria das medidas gerais pode ser iniciada em outras salas de emergência o que não impõe a vaga zero.
Algumas intoxicações que estão se tornando mais frequentes que exigem antidotos específicos que só existem na UE podem impor a vaga zero. O Centro de Intoxicação deve ser consultado nestes casos.
É comum que algumas intoxicações estejam associadas ao tráfico de drogas. Neste caso, deve-se lembrar que o médico não pode gerar provas contra seu paciente de acordo com o código de ética médica, a não ser que seja nomeado perito.
Comunicar o NIR nestas situações e orientar a polícia que estas situações serão resolvidas após a estabilização do paciente.