Emergências Clínicas - Edema Agudo de Pulmão

Área: Unidade de Emergência / Subárea: Clínica Médica

Reconhecer e tratar uma das principais causas de insuficiência respiratória na sala de urgência.

Leonardo F. Zancaner. Médico assistente da Divisão de Emergências Clínicas do Departamento de Clínica Médica da FMRP/USP
Luiz Fernando B. Catto. Ex-médico residente de clínica médica do Departamento de Clínica Médica da FMRP/USP

Data da última alteração: terça, 06 de dezembro de 2022
Data de validade da versão: sexta, 06 de dezembro de 2024

• Consiste no extravasamento de liquido para o interior dos espaços alveolares, decorrente de uma ou mais alterações nos mecanismos de Starling.

Manifestação Clínica
• Dispneia de inicio súbito ou em progressão rápida, tosse seca ou com expectoração rósea, taquipneia, sinais de esforço respiratório (tiragem intercostal, retração de fúrcula), estertores crepitantes bilaterais e eventualmente sibilos.
Sinais e/ou sintomas de acometimento cardíaco podem estar presentes, tais como: precordialgia, dispneia paroxística noturna, ortopneia, edema em membros inferiores, sinais de congestão hepática, estase jugular, presença de B3/B4, sopros etc;

Quadro clínico + exames complementares compatíveis

• Exames bioquímicosl: hemograma completo, função renal, eletrólitos (Na, K, Ca), glicemia, gasometria arterial, lactato, troponina, BNP/NT-pro-BNT (somente para os casos duvidosos de dispneia não cardiogênica)
• Eletrocardiograma: avaliar distúrbios de condução, alterações compatíveis com isquemia, infarto antigo, sobrecargas, arritmias entre outros.
• Radiografia de tórax: procura-se por achados compatíveis com congestão (consolidação alveolar com predomínio na região peri-hilar e nas bases, derrame pleural, linha de B de Kerley, cardiomegalia. Auxilia, ainda, na identificação de possíveis diagnósticos alternativos.
• Ecocardiograma: útil na investigação do mecanismo/etiologia do EAP, tais como alterações valvulares, avaliação da função ventricular, hipertrofia, dimensões das câmaras cardíacas etc (ECO-TE: apenas em casos selecionados)

A. Suporte de oxigênio, monitorização, acesso venoso periférico e elevação da cabeceira

B. Ventilação não invasiva (VNI) - CPAP/BiPAP
- Ajuste inicial da VNI:
• CPAP: 5-10 mmHg
• BiPAP: ePAP=5-10 mmHg e iPAP até 15 mmHg

- Contra-indicações:
• Parada respiratória franca ou iminente
• Instabilidade hemodinâmica
• Rebaixamento do nível de consciência (exceto se secundária à retenção de CO2)
• Não colaboração com VNI
• Obstrução fixa de via aérea/trauma de face recente
• Inabilidade de proteção à via aérea
• Excesso de secreção em via aérea

- Reavaliar sucesso da VNI entre 30-120 min (reavaliação clínica e gasométrica)

C. Ventilação invasiva:
- Indicado na falha ou contra-indicação à VNI

- Ajuste inicial do respirador:
• Modo: pressão ou volume
• PEEP em geral ≥ 8 mmHg (atenção à auto-PEEP)
• VC = 5-6 ml/kg de peso ideal
• FiO2 ajustada para manter SatO2 entre 94-96%


D. Tratamento farmacológico:
• Furosemida EV: 0,5mg/kg
• Vasodilatadores EV:
o Nitroglicerina: 5 – 200 ug/min
- diluir em SF
- droga de escolha na suspeita de SCA
o NItroprussiato: 0,5 – 10,0 ug/kg/min
- diluir em SG5% com frasco e equipo protegido da luz
- melhor opção no EAP hipertensivo
o Morfina EV: 1-3 mg
- ação: reduzir a pré-carga e efeito ansiolítico
- não é necessário usar em todos os casos

E. Tratar a causa de base conforme protocolo específico:

o Causas comuns: Síndrome coronariana aguda, emergência hipertensiva, miocardiopatias, valvopatias, doença renal crônica avançada, estenose de artérias renais, arritmias.

1. Lorraine B. Ware and Michael A. Matthay, Acute Pulmonary Edema - N Engl J Med 2005;353:2788-96.
2. Sean P. Collins et al, The Use of Noninvasive Ventilation in Emergency Department Patients With Acute Cardiogenic Pulmonary Edema: A Systematic
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3. Josep Masip, Noninvasive Ventilation in Acute Cardiogenic Pulmonary Edema Systematic Review and Meta-analysis - JAMA. 2005;294:3124-3130
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5. DIRETRIZES BRASILEIRAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA – 2013