Ortopedia - Dedo em Botoeira (lesão da banda central do aparelho extensor)

Área: Unidade de Emergência / Subárea: Ortopedia

Identificar e diagnosticar precocemente, realizando tratamento adequado e encaminhamento precoce para nível terciário.

Luis Guilherme Rosifini Alves Rezende - Médico Assistente HC-FMRP-USP
Filipe Jun Shimaoka - Médico Assistente HC-FMRP-USP
Prof. Dr. Nilton Mazzer - Professor Titular do Departamento de Ortopedia, Traumatologia e Anestesiologia e Chefe da Divisão de Cirurgia da Mão do HC-FMRP-USP

Data da última alteração: terça, 06 de dezembro de 2022
Data de validade da versão: sexta, 06 de dezembro de 2024

Paciente com história de trauma nos dedos da mão, apresentando dor na região dorsal, na topografia da articulação interfalangeana proximal. A data do trauma, bem como o mecanismo do trauma (aberto ou fechado) devem ser documentados. Também é uma afecção comum em pacientes com doenças reumatológicas, notoriamente, artrite reumatóide.

Ao exame físico, observa-se presença de dor na região dorsal da articulação interfalangeana proximal (IFP) do dedo acometido. Uma botoeira sutil pode ser observada em 1 a 2 semanas após o trauma. A deformidade é caracterizada por flexão da articulação IFP e extensão da IFD (interfalangeana distal). Conforme ocorre a ausência de tratamento, há agravamento da deformidade. O teste de Elson é útil para casos agudos, enquanto o teste de Boyes é útil para casos crônicos.

O diagnóstico é realizado através do exame físico, porém, exames complementares auxiliam na programação do tratamento e compreensão da deformidade.

Radiografia Simples em AP + Perfil do dedo: observar a presença de fragmento ósseo associado
Ultra-Som (dispensável): avaliar a presença de descontinuidade da banda central do aparelho extensor ou edema.
Ressonância Magnética (dispensável): avaliar a presença de descontinuidade da banda central do aparelho extensor ou edema e mensuração do encurtamento.

O tratamento inicial de escolha é o conservador, com analgesia escalonada conforme dor e AINEs (para casos agudos) associado à prescrição de órtese do tipo "gafanhoto" em extensão da IFP do dedo. Não há necessidade de incluir a IFD. Este tratamento é realizado em tempo integral durante 6 a 12 semanas, e pode ser iniciado inclusive em casos crônicos ou no diagnóstico tardio.
Lesões abertas podem ser manejadas com desbridamento e reparo agudo ou com sutura da pele e ortetização (comum após lesões negligenciadas).
Em casos com fragmento ósseo ou refratário ao tratamento conservador, o paciente deverá ser encaminhado para equipe de Cirurgia da Mão e Microcirurgia através do ambulatório "ORM" do HC-FMRP-USP para avaliação.

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M20.0-Deformidade(s) do(s) dedo(s) das mãos

S66.3-Traumatismo do músculo extensor e tendão de outro dedo ao nível do punho e da mão