Emergências Oncológicas - Síndrome de Veia Cava Superior na Emergência

Área: Unidade de Emergência / Subárea: Clínica Médica

1. Reconhecer quadros de síndrome de veia cava superior (SVCS)
2. Conhecer o tratamento inicial no cenário de Urgência/Emergência de pacientes com SVCS

1. José Mauricio S C Mota - Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, ex-médico assistente da Unidade de Emergência, FMRP-USP

Data da última alteração: terça, 06 de dezembro de 2022
Data de validade da versão: sexta, 06 de dezembro de 2024

Conjunto de sinais e sintomas causados pela obstrução do fluxo da veia cava superior; pode ser determinado por invasão tumoral, compressão extrínseca ou trombose.

Etiologia:
- Na maior parte das vezes (até 90%) é determinada por neoplasias (tumores mais comuns causadores de SVCS: câncer de pulmão, linfoma não-Hodgkin, tumor germinativo de mediastino, timoma). Causas não-neoplásicas mais comuns: mediastinite fibrosante, trombose relacionada à presença de dispositivos vasculares totalmente implantáveis
Quadro clínico:
- A severidade do quadro clínico é dependente do grau e da velocidade de instalação da obstrução da veia cava superior.
1. Edema facial, tórax superior e de membros superiores
2. Distensão de vasos venosos do pescoço e tórax superior com circulação colateral visível
3. Pletora facial, dispneia, tosse, estridor, síncope, cefaleia, tonturas, confusão, rouquidão, edema de vias aéreas superiores, edema cerebral.

O exame físico é usualmente característico para o diagnóstico sindrômico. Mais comumente os pacientes já tem diagnóstico prévio de neoplasia conhecida.

O exame inicial é a TC de tórax com contraste para determinar etiologia da SVCS; sempre afastar a presença de trombose, pois é causa potencialmente reversível. De acordo com os achados na TC de tórax, avaliar realização de exame complementar específico para determinar etiologia da neoplasia (e.g. broncoscopia, mediastinoscopia, biópsia transtorácica etc).

Na sala de urgência:
1. Medidas gerais: Cabeceira elevada; evitar balanço hídrico positivo; evitar puncionar acesso venoso em membros superiores
2. Corticóides: dexametasona 4 mg 6/6 h, se importante edema de vias aéreas ou tumores responsivos à corticoterapia (e.g. linfomas)
3. Diuréticos de alça: podem ser usados se edema grave, mas não há estudos que fundamentam seu uso
4. Oxigenioterapia se saturação de oxigênio < 90%
5. Anticoagulação plena em pacientes sem trombose: sem evidência de benefício
Tratamento específico:
- Discutir o tratamento oncológico em bases individuais em conjunto com a Oncologia, levando-se em consideração o tipo histológico da neoplasia e o status performance do paciente.
- O uso de stents endovasculares tem se tornado uma opção factível para restaurar o retorno venoso rapidamente (preferência se: necessidade de intervenção rápida por SVCS grave, neoplasias não quimio ou radiossensíveis, tumores sem definição histológica.

1. Wilson LD et al. NEJM. 2007.
2. Yu JB et al. Journal of Thoracic Oncology. 2008.
3. Wan JF et al. Emerg Med Clin N Am. 2007.
4. PMID: 18566082
5. PMID: 22584756