Emergências Oncológicas - Síndrome de Compressão Medular na Emergência

Área: Unidade de Emergência / Subárea: Clínica Médica

1. Reconhecer casos suspeitos para síndrome de compressão medular (SCM)
2. Identificar os exames a serem solicitados em caso de SCM e fornecer o tratamento inicial de casos de SCM

José Mauricio S C Mota - Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, ex-médico assistente da Unidade de Emergência, FMRP-USP

Data da última alteração: terça, 06 de dezembro de 2022
Data de validade da versão: sexta, 06 de dezembro de 2024

Invasão ou compressão do saco dural por neoplasias localmente avançadas ou metástases ósseas ou epidurais.
Neoplasias mais comuns:
- Próstata
- Mama
- Pulmão
- Linfomas
- Mieloma múltiplo
- Tumores medulares
- Carcinoma renal

# Localização mais comum:
- Cervical - 15%
- Torácica - 60%
- Lombossacra - 25%
- Simultâneos - 20-35%

Quadro clínico:
- Tempo médio início de sintomas para diagnóstico: 2 meses
- Pode ser a manifestação inicial de neoplasia em até 1/5 dos pacientes
- Dor (95% dos pacientes)
Tipos de dor:
1. Dor localizada: geralmente é o primeiro sintoma: constante, localizada no dorso, sem piora com movimento, sem alívio ao deitar, causada por estiramento periosteal
2. Dor espinhal axial: dor que piora com os movimentos e melhora com repouso, causada por instabilidade, colapso vertebral e/ou deformidade espinhal
3. Dor radicular: constante, piora com movimentos, segue distribuição radicular, associada a paresias e alterações de sensibilidade, causada por compressão radicular
- Paresia com síndrome de 1o ou 2o neurônio motor
- Disestesias: menos comuns que as alterações de força
- Disautonomias (ex. incontinência urinária ou fecal): ocorre em quadros mais tardios, marcador de mau prognóstico

Quadro clínico de SCM associado a exame de imagem demonstrando compressão dural. Considerar "compressão subclínica" se imagem compatível sem manifestação clínica de SCM.

Na suspeita clínica, solicitar exame de imagem.
- Em situações ideais, solicitar RNM de coluna total (até 1/3 tem múltiplas lesões)
- TC pode ser realizada em casos de RNM indisponível

Tratamento clínico inicial:
1. Repouso absoluto no leito até excluir instabilidade
2. Tratamento de suporte: analgesia, evitar constipação, prevenção de TEV
3. Corticóides:
- dexametasona 4 mg 6/6 h (pode fazer 20 mg em bólus como dose de ataque) *
- uso de altas doses (dexametasona 96 mg/dia) não está indicada
- objetivo: aumentar taxa e deambulação e contribui para analgesia
* apesar de ser prática comum, há pouca evidência a respeito da função da dose de ataque
- Sempre associar protetor gástrico e monitorar glicemia se uso de corticóide em altas doses

Decisão do tratamento oncológico específico deve ser tomada em conjunto com oncologista, cirurgião de coluna (ortopedista ou neurocirurgião) e radioterapeuta
1. Cirurgia de descompressão seguida de radioterapia (é o tratamento de escolha, mas nem todos pacientes serão elegíveis) OU
2. Radioterapia exclusiva (para pacientes não candidatos à cirurgia e com tumores radiossensíveis) OU
3. Tratamento sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia) * OU
3. Cuidado paliativo exclusivo (Tabela 1)
* Tratamento sistêmico raramente tem papel na SCM aguda, por respostas serem mais tardias e imprevisíveis. Discutir tratamento sistêmico em bases individuais com Oncologia Clínica após estabilização do quadro.

Fatores associados à melhor resposta da radioterapia: bom status neurológico prévio, velocidade de instalação do déficit motor > 14 dias
- Fatores associados à maior sobrevida: função motora preservada antes do tratamento, tumores radiossensíveis (pequenas células, linfomas, mieloma múltiplo, germinativos), ausência de metástases viscerais, sítio único de compressão, velocidade de instalação dos sintomas.

1. PMID: 18420159
2. PMID: 15629272
3. PMID: 23065671
4. PMID: 19447306
5. PMID: 27199232
6. PMID: 18843728

Tabela 1: Tabela 1


Tabela 1