Anestesiologia - Uso do Sugammadex para Reversão do Bloqueio Neuromuscular

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O Sugammadex, agente de reversão de algumas drogas bloqueadoras neuromusculares, é um medicamento eficaz porém de custo relativamente alto, com potencial de afetar significativamente o gasto com medicamentos. Portanto, seu uso deve ser monitorado e baseado nas melhores evidências clínicas.

Dra. Ana M. G. Carretero, Prof. Dra Waynice N. P. Garcia, Prof. Dr. Luís V. Garcia, Prof. Dr. João Abrão, Prof. Dr. Jyrson G. Klamt (Diretor do Serviço de Anestesiologia).

Data da última alteração: terça, 06 de dezembro de 2022
Data de validade da versão: sexta, 06 de dezembro de 2024

O Sugammadex é um agente reversor do bloqueio neuromuscular de ligação seletiva, projetado para encapsular moléculas de rocurônio e relaxantes musculares quimicamente similares, como o vecurônio.
As principais vantagens do sugammadex, quando comparadas aos anticolinesterásicos convencionais, são a reversão muito mais rápida do bloqueio neuromuscular e a capacidade única de reverter, veloz e eficientemente, níveis profundos de bloqueio.
O bloqueio neuromuscular residual pós anestésico é um fenômeno comum que tem sido identificado como um fator de risco significativo para eventos adversos no pós-operatório e aumento de morbidade.
Com esta preocupação, o uso de um monitor quantitativo da transmissão neuromuscular durante a anestesia com uso de relaxantes musculares é altamente recomendado.

A melhor maneira de monitorizarmos o bloqueio neuromuscular e sua reversão é através de monitores quantitativos da função neuromuscular. Este método se mostrou superior a testes clínicos e avaliações subjetivas da atividade neuromuscular. Os monitores atualmente comercializados medem a atividade muscular a partir da aceleromiografia. A medida mais aceita para garantir a recuperação da função neuromuscular e a extubação segura do paciente é um TOFR (Train of Four Ratio) > ou = 0.9, idealmente obtido no músculo adutor do polegar.

Não se aplica.

Sugammadex demonstra vantagens clínicas para a reversão do bloqueio neuromuscular em pacientes com pneumopatias, cardiopatias, disfunção hepática, miastenia gravis, SAOS grave e/ou obesidade mórbida acima da reversão padrão com neostigmina e atropina. No entanto, dadas as atuais implicações de custo e a escassez de pesquisas que apoiam a relação custo-eficácia do uso generalizado, ele não é recomendado como o agente de reversão padrão. Seu uso deve ser restrito a indicações específicas.
Neste serviço, seu uso está indicado nas seguintes situações:
a) Resgate: como terapia de resgate em situações "não intubo, não ventilo".
b) Comorbidades: quando o status clínico do paciente determina a reversão inequívoca do bloqueio neuromuscular (por exemplo, pacientes com doenças neuromusculares, doenças respiratórias ou cardiovasculares graves, obesidade
mórbida) e/ou os efeitos fisiológicos esperados de outros agentes de reversão podem elevar razoavelmente a chance de dano ao paciente.
c) Bloqueio residual/profundo: quando o bloqueio neuromuscular foi revertido de forma incompleta ou quando a profundidade do bloqueio de um paciente não é adequada para a reversão com agentes padrões como neostigmina e atropina. São exemplos de cirurgias que exigem bloqueio profundo: robótica, torácica, abdominal, videolaparoscópica. Também deve-se considerar o uso do sugammadex quando o tempo de espera necessário para a reversão plena do bloqueio neuromuscular com outros agentes comprometer categoricamente o fluxo de cirurgias no centro cirúrgico, ou afetar negativamente os resultados do paciente.
A partir da monitorização quantitativa do bloqueio neuromuscular, determinamos a dose de sugammadex a ser utilizada, otimizando custos e resultados (figura 1):
− PTC=0 e TOF =0: dose recomendada de sugammadex de 16mg/kg
− PTC = 1-2 e TOF = 0: dose recomendada de sugammadex de 4mg/kg
− TOF > ou igual a 2: dose recomendada de sugammadex de 2mg/kg
*Se eventualmente for necessário repetir a dose de sugammadex, utilizar 4mg/kg.

Não se aplica.

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Figura 1: Figura 1


Figura 1